Em "Tia Virgínia", Vera Holtz interpreta a personagem título, uma mulher de 70 anos que nunca se casou ou teve filhos. Convencida por suas irmãs Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso), ela muda para a cidade de seus pais para cuidar da mãe enferma.
Com o foco na reunião familiar durante a celebração de Natal após a morte do patriarca, o filme aborda a mudança de paradigma em uma sociedade que enfrenta dificuldades ao lidar com a velhice.
Um dos trunfos do longa dirigido por Fabio Meira é trabalhar com um tema tão presente nas famílias brasileiras. Virgínia é o retrato verossímil de muitas mulheres que abdicam de suas vidas para cuidar dos pais, enquanto os irmãos só aparecem na hora da partilha dos bens.
São mulheres que, pejorativamente no jargão popular, "ficaram para titia". Como não se casaram, não tiveram filhos ou não possuem uma "carreira de sucesso", são vistas como pessoas que não estão fazendo grandes sacrifícios para se dedicar aos cuidados do parente debilitado.
O filme consegue, com cenas sutis, apresentar um texto sensacional. Seja com Virgínia esquecendo de colocar a fralda na mãe (Vera Valdez) para demonstrar que, mesmo com a família por perto, a responsabilidade ainda recai sobre ela.
Sendo assim, "Tia Virgínia" é um dos melhores filmes nacionais do ano, com ótimas atuações de Vera Holtz, Louise Cardoso e Arlete Salles, que apresentam uma sinergia maravilhosa como protagonistas. Mas, infelizmente, trata-se de mais um filme que não tem o espaço que merecia no circuito exibidor.
Nota: 8,5
"Tia Virgínia" está em exibição nos cinemas.