Ó Paí, Ó 2 | Crítica

Realizar uma sequência cinematográfica é uma empreitada desafiadora, especialmente quando há uma espera de quinze anos entre os filmes. Este é o caso de "Ó Paí, Ó 2", que busca trazer de volta às telas dos cinemas a atmosfera única do Pelourinho.

Na trama, Neuzão (Tânia Toko) enfrenta a perda de seu estabelecimento para um investidor estrangeiro, desencadeando uma trama que envolve Roque (Lázaro Ramos) e o grupo de amigos que buscam resgatar o ponto de encontro tão querido.

Contudo, um desafio evidente desta continuação é não se desconectar do espírito da obra original.

Enquanto o primeiro filme integrava críticas de maneira orgânica em um roteiro fluido, o segundo parece inserir reivindicações de forma mais abrupta, como se fossem efeitos em 3D saltando da tela.

"Ó Paí, Ó 2", sob a direção de Viviane Ferreira, busca abordar diversos manifestos contra várias formas de discriminação. No entanto, apresenta uma falha notável ao possivelmente tentar criticar de forma alegórica a influência da cultura asiática nas terras brasileiras.

Quando Neuzão perde seu estabelecimento para um empresário coreano, apesar da natureza passional da obra, dos personagens e da situação, o discurso do filme tende a se aproximar perigosamente da xenofobia.

Nesse sentido, em uma coletiva de imprensa para promover o filme, a atriz Tânia Toko se manifesta: "nesse momento é crucial, porque nossa cidade de Salvador, e acredito que outras cidades também no Brasil, estão sendo influenciadas, né, por coreanos, chineses que estão assumindo o controle dos comércios nos grandes centros desta cidade."

Para um filme que tem como base a luta de minorias, essa simplificação pode ser uma bola fora, entrando em contradição com o objetivo da trama.

A questão da especulação imobiliária, gentrificação, preservação do patrimônio histórico e cultural das cidades são problemas reais que devem ser expostos. Mas, como diz o antigo provérbio, não mate o mensageiro.

"Ó Paí, Ó 2" seria muito melhor se voltasse como série do que como filme, já que a trama se assemelha mais a um enredo de um seriado de TV do que a de longa-metragem. Felizmente, temos o primeiro filme para matar as saudades.

Nota: 5/10

"Ó Paí, Ó 2" está em exibição nos cinemas.