Deadpool & Wolverine | Crítica - com mega spoilers

    "Deadpool & Wolverine" não é o “Vingadores: Ultimato” da Marvel, embora esteja gerando bastante empolgação. Não se trata de um grande evento, pois provavelmente chamará a atenção do público por apenas uma ou duas semanas antes de outras novidades surgirem. Estrelado por Ryan Reynolds e Hugh Jackman, o filme estreia em pré-lançamento no dia 24 de junho e oficialmente no dia 25 do mesmo mês nos cinemas do país.

    Wade Wilson, em uma vida civil apática, deixou para trás seus dias como o mercenário de moral flexível, Deadpool. Quando sua linha do tempo enfrenta uma ameaça, Wade é forçado a vestir o traje novamente e convencer um relutante Wolverine a se unir a ele. As sinopses podem parecer absurdas, mas a essência está aí. Esta crítica abordará três aspectos do filme, todos com spoilers.


 Primeiro Capítulo: O filme e seu significado além do roteiro original

    "Deadpool & Wolverine" poderia ser um filme para TV, o que não significa que seja ruim, mas sua montagem lembra bastante um especial de uma série longa, que tem seu especial de último episódio com participações especiais, não que os filmes da Fox, são se assemelhem a isso. O longa, dirigido por Shawn Levy, marca oficialmente a despedida dos heróis da Fox, que debutaram timidamente nos cinemas com "Blade" (1998), mas alcançaram popularidade com os filmes "X-Men". Isso fica evidente nos créditos finais do filme.

    O personagem Paradox (interpretado por Matthew Macfadyen) é uma alegoria de um executivo da Disney que decide dar uma chance a Deadpool no universo MCU, já que o mundo dele está em extinção, pois a "âncora" daquele universo está morta. Esta é uma metáfora interessante para a função de Hugh Jackman no universo cinematográfico da Fox, onde ele realmente foi a âncora dos filmes dos "X-Men" de 1999 a 2017. Shawn Levy explora essa metáfora de maneira inteligente em seu filme.



    Para salvar seu mundo, o mercenário tagarela decide sequestrar um Wolverine de outro universo, mas o plano falha quando Paradox consegue mandar a dupla para o “Vazio”. Este é o local onde os heróis e ideias de filmes da Fox foram parar. Nesse ponto, vemos mais um pouco do universo Fox, com referências a Elektra (Jennifer Garner), Gambit (Channing Tatum), Johnny Storm (Chris Evans) e Blade (Wesley Snipes), que não era da Fox, mas é interessante rever Snipes no papel, lembrando que ele trabalhou com Reynolds no terceiro filme da franquia.

    Um caso curioso é o de Channing Tatum, cuja ideia de interpretar Gambit foi descartada pela Fox e, após a compra pela Disney, parece ter se tornado um sonho que não se realizará. As notícias sobre Tatum interpretando o personagem circulam na internet há pelo menos 10 anos, mas o “Vazio” representa o descarte não dos personagens, mas de suas versões. Agora há o anúncio de novos filmes de "Blade" e "Quarteto Fantástico".

    A homenagem da Disney à Fox e seu legado é admirável e funciona no contexto do filme, mas também revela claramente como a empresa pensa, mostrando que do universo da Fox apenas Deadpool e provavelmente Hugh Jackman serão aproveitados.

 Segundo Capítulo: Mais do mesmo e parem de dizer que é o filme do ano

"Deadpool & Wolverine" cumpre seu papel como um filme do Deadpool. De forma repetitiva, utiliza a mesma fórmula que fez com que seus antecessores fossem um sucesso. Palavrões, violência, quebras da quarta parede e piadas sobre drogas estão presentes em abundância no terceiro filme, que também se apoia em participações especiais.

    Isso não significa que não seja divertido. Sim, é, mas há longas cenas de luta que não levam a lugar nenhum, como nos filmes anteriores. No entanto, as quebras da quarta parede continuam sendo um ponto forte, lembrando o público a cada momento de que estão assistindo a um filme. Não são inserções como em "Fleabag" ou "Clube da Luta", mas funcionam bem para Deadpool. Ainda assim, isso não salva o filme protagonizado por Reynolds e Jackman, que, como mencionado, é uma repetição com homenagens.

Terceiro e último capítulo: Qual o destino de Wolverine na Disney?

    Como mencionado, o “Vazio” era a lixeira da Fox e agora da Disney, com personagens que podem voltar, mas não com as versões que conhecemos. Isso me preocupa em relação ao Homem-Formiga. O terceiro filme foi um fracasso entre o público, e o uniforme do personagem estava lá. Será que Paul Rudd ainda retornará ao MCU? Mas como ninguém está interessado no Homem-Formiga, qual é a situação de Wolverine?

    Todos já sabem que a Disney está planejando um novo filme dos mutantes e, ao que tudo indica, Hugh Jackman deve continuar no papel. Mas como isso vai funcionar? Acredito que ele não fará parte dos novos X-Men, já que está na hora de mudar o ator, mas manter dois atores no mesmo personagem seria uma maneira de não tirar Jackman de sua função de âncora, tanto para o personagem quanto para a Disney.

     Se o ator continuar e não for substituído, a situação se tornará ainda mais complicada para a Disney, que não desvincula o ator do personagem, criando uma resistência no público para aceitar outra pessoa no papel do herói.

    "Deadpool & Wolverine" é um filme mediano, que agradará a muitos pela mesma fórmula com toques de referências nostálgicas. Não reinventa o gênero, mas cria problemas para os X-Men, para Loki (em relação ao personagem e sua nova função) e para a própria Disney, que precisa urgentemente se organizar.

Nota:6,5/10