Colônia foi um hospital
psiquiátrico onde ocorreu um dos maiores genocídios da história do Brasil. A
história de Colônia ganhou destaque graças ao livro de Daniela Arbex,
"Holocausto Brasileiro", que narra o cotidiano deste “campo de
concentração” localizado em Barbacena, Minas Gerais. O sucesso do livro fez com
que o cinema voltasse suas atenções ao assunto, gerando um documentário e o
longa "Ninguém Sai Vivo Daqui".
Arbex, ao conceber seu
livro, trouxe à luz um lado da nossa história totalmente esquecido. No entanto,
quando sua obra foi adaptada, sua potencialização foi elevada ao máximo.
Infelizmente, "Ninguém Sai Vivo Daqui" não consegue realizar o mesmo
feito dos documentários produzidos, simplesmente porque não consegue levar para
as telas o terror que ocorria naquele local.
Esse problema ocorre provavelmente por um simples motivo: o longa, inicialmente concebido como uma série de seis episódios para o Canal Brasil, agora disponível na Globoplay, possui em sua trama muito mais detalhes do que o filme. Com 1h30 de duração, o longa sofre de uma péssima edição, deixando de lado fatos importantes para o desenvolvimento e imersão naquele universo.
Logo no início da trama, Elisa (Fernanda Marques) é levada por um jagunço de seu pai para a estação de trem da cidade. No vagão, cheio de pessoas, ela conhece Gilberto (Arlindo Lopes). Neste momento, Elisa encontra a primeira pessoa que pode ser seu aliado nesse local desconhecido. Ao chegarem, Gilberto revela para Elisa que a mãe, com intermédio do padre, o mandou para lá. Essa primeira cena, mostrando o vínculo entre os dois personagens, é material da série, mas foi ignorada na trama do filme. A elipse entre Elisa entrando no vagão e tendo seu primeiro contato com Gilberto já em Colônia não funciona porque a cena principal foi cortada, o que me leva a acreditar que o longa está cheio desses “buracos”. Isso, contudo, não diminui o trabalho dos atores, com destaque para Fernanda Marques, Augusto Madeira e Rejane Faria, que estão muito bem em seus papéis.
A escolha de levar a série
em formato de filme para os cinemas foi um tiro no pé dos realizadores da obra,
que poderiam apenas armar uma bela campanha publicitária para a estreia da
segunda temporada da série, que está em produção. Sobre a série, tive a oportunidade
de assistir a um episódio e ela me chama a atenção, primeiro para saber o que
ficou de fora do longa e também porque acho a trama interessante.
Nota5,5/10