Twisters | Crítica



    Chegou aos cinemas nacionais "Twisters", novo filme protagonizado pelo galã de Hollywood, Glen PowellDaisy Edgar-Jones. O longa, dirigido por Lee Isaac Chung, não é uma sequência, mas tudo leva a crer que se trata de um reboot do filme protagonizado por Bill Paxton e Helen Hunt.

    Edgar-Jones interpreta Kate Cooper, uma ex-caçadora de tempestades assombrada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade. Agora, ela estuda padrões de tempestades em segurança, na cidade de Nova York. Ela é atraída de volta às planícies pelo seu amigo Javi, para testar um novo sistema revolucionário de rastreamento. Lá, ela cruza seu caminho com Tyler Owens (Glen Powell), o carismático e imprudente ícone das redes sociais que se diverte postando suas aventuras de caça a tempestades com sua equipe barulhenta. À medida que a temporada de tempestades se intensifica, fenômenos aterrorizantes nunca antes vistos são desencadeados, e Kate, Tyler e suas equipes concorrentes se encontram diretamente no caminho de múltiplos sistemas de tempestades convergindo sobre o centro de Oklahoma, na luta de suas vidas.

     "Twisters" tem uma grande vantagem sobre seu antecessor: os efeitos especiais. Porém, não entrega uma boa aventura e se perde em clichês desnecessários. Enquanto Bill (Bill Paxton), no primeiro longa, tinha um "feeling" para saber onde os tornados se formariam, Kate (Daisy Jones) parece ter um dom quase sobrenatural, embora o filme não aborde isso como paranormal. A maneira como é apresentado faz parecer que a protagonista teria “poderes” para prever onde os tornados surgiriam. Isso é evidenciado quando sua mãe conta para Tyler (Glen Powell) que sua aptidão vem desde a infância. Esse ar sobrenatural, além de desnecessário, acaba deixando a personagem boba, não a colocando no mesmo patamar ou superior ao personagem de Bill Paxton no primeiro filme.

    Outro problema em relação ao primeiro longa é a aventura. O primeiro filme trabalha melhor a questão da urgência do grupo de caçadores de tornados, seja pelo desejo de realizar o experimento, seja pela rivalidade com o outro grupo de caçadores patrocinados por uma empresa. Em "Twisters", esse senso de urgência que faz a aventura se desenvolver desaparece, seja pelo desaparecimento da equipe rival, seja pela execução do experimento, que em sua segunda tentativa, faz com que o desenvolvimento do longa se concentre na dinâmica entre os personagens, o que é menos importante em um filme com essa temática.


    Por outro lado, "Twisters" chama atenção pelo seu conteúdo político, que pode ser apenas uma interpretação minha. O primeiro destaque é sobre as novas gerações que transformam tudo em conteúdo para redes sociais. Hoje em dia, você não precisa mais ter conhecimento sobre o assunto, basta parecer dominá-lo. Essa atitude é muito comum nos mais famosos videocasts no YouTube. Tyler é exatamente isso. Junto com sua equipe, ele caça tornados para se exibir em suas lives no YouTube ou em qualquer outra plataforma. O destaque aqui é que o personagem de Glen Powell abraça a ignorância para ser famoso, visto que ele tem um doutorado. O que vemos aqui é que conteúdos mais "cabeça" não geram tanta audiência, mas o boçal, o chucro é que dá destaque hoje em dia.

    Os fãs de Tyler e sua trupe, e até alguns de seus membros, remetem ao imaginário dos “rednecks”, o típico caipira do centro-oeste dos Estados Unidos. Diferente do original, o novo longa se foca mais na relação dos personagens principais do que na aventura. Em determinado ponto da trama, Tyler leva Kate para um rodeio. O roteiro se preocupa em apresentar a cultura do estado de Oklahoma. No meio da apresentação, é anunciado que um tornado se aproxima da cidade. Tudo é levado por ele, menos a trêmula e forte bandeira dos Estados Unidos da América, deixando claro que nem um tornado destruirá o país. O filme continua com a questão política até o final da trama, quando o grupo de Tyler, junto com Kate e Javi, se une para salvar a comunidade. O trabalho de união que os EUA precisam para se salvar de qualquer ameaça.

      "Twisters" tem seus pontos divertidos, muito graças à presença de Powell, que é o astro do momento, diversificando em seus trabalhos. O ator tem tudo para ser uma estrela em Hollywood, se continuar acertando nas escolhas de seus filmes e personagens. Mas, infelizmente, o filme peca ao dar mais atenção às questões pessoais dos personagens e esquecer da aventura.


Nota: 06/10