Um Tira da Pesada 4: Axel Foley | Crítica


    Trinta anos após o lançamento do último filme da trilogia "Um Tira da Pesada", Eddie Murphy volta a dar vida ao policial Axel Foley em uma continuação tardia, mas lançada no local certo: o home video.

    O detetive Axel Foley (Eddie Murphy) está de volta a Beverly Hills. Depois que a vida de sua filha (Taylour Paige) é ameaçada, Foley se une a ela, a um novo parceiro (Joseph Gordon-Levitt) e aos antigos companheiros Billy Rosewood (Judge Reinhold) e John Taggart (John Ashton) para desmantelar uma conspiração.


    Em um mundo sem streaming, o lançamento de "Um Tira da Pesada 4: Axel Foley" teria três possibilidades: cinema, remake ou não sair do papel. Mas agora, com a Netflix, o atual home video, o filme não perde o glamour. A gigante do streaming investe pesado em seus lançamentos premium, sendo responsável por filmes como "Beasts of No Nation", "Roma" e o recente "Maestro".

    "Um Tira da Pesada 4: Axel Foley" não é um filme pretensioso, especialmente ao reconhecer que seu lançamento nos cinemas seria inviável. Eddie Murphy não tem mais o peso que tinha quando o último filme foi lançado, em 1994, e muito menos quando o primeiro filme saiu, no auge de sua carreira. Aceitar isso evita cometer o erro da Disney com "Indiana Jones V", que tinha muito mais força e dinheiro que a franquia "Um Tira da Pesada".


    Dirigido pelo estreante Mark Molloy, o quarto filme da franquia opta pelo caminho mais seguro: ser uma repetição em boa parte do primeiro filme, com boas doses de referências e homenagens. Tudo isso para que o fã dos filmes originais não saia da sua zona de conforto. Diferentemente do último Indiana Jones, que pretendia passar o bastão de Ford para Phoebe Bridge, "Um Tira da Pesada" não comete esse erro, pelo menos não agora, evitando assim um possível “hate” do público.

    O que chama mais atenção no longa protagonizado por Murphy é que ele mantém muitas piadas que, hoje em dia, o público atual criticaria, seja de cunho racial ou de gênero. Nenhuma das piadas exagera ou ultrapassa o bom senso. Nem a idade de Axel escapa, afinal de contas, seu protagonista está na casa dos 60 anos.


    Outro ponto de destaque é a visão de mundo quando pensamos na questão geracional. Axel Foley continua do mesmo jeito, como se ainda tivesse 22 anos. Seu modus operandi não se atualizou para a nova década, então, quando ele provoca o detetive Bobby Abbott (Gordon-Levitt), este responde que os tempos mudaram e que atacar a masculinidade dele não vai funcionar. O roteiro deixa claro que as coisas mudaram, mas que o “método Axel Foley” às vezes é necessário, seja em sua essência ou adaptado para os dias atuais. Isso mostra que talvez a geração mais jovem precise de um pouco mais de coragem para improvisar na vida, caso precise se safar ou conseguir alguma coisa. No entanto, há um momento em que o próprio Foley, cansado de seus métodos nada ortodoxos, aceita que a idade chegou, equilibrando a situação.

    "Um Tira da Pesada 4: Axel Foley" cumpre seu objetivo quando pensamos em diversão. Em 1h50 de filme, temos uma boa dose de ação e humor para passar o tempo com uma trama divertida que sabe qual é seu lugar e aceita que está fora de seu tempo, mas que ainda consegue arrancar boas risadas.


Nota: 7/10.