Votos | Crítica


     “Votos”, dirigido por Ângela Patrícia Reiniger, apresenta um mundo até então desconhecido para os seculares: a vida de homens e mulheres que escolhem dedicar suas vidas a Deus. O documentário acompanha um grupo de religiosos que está prestes a passar pelos “votos” e mudar suas vidas completamente.

    O filme se divide em depoimentos da irmã Emanuela, do irmão Joaquim, do irmão Luís Maria e de Gleiciane Marques, que desistiu de se tornar monja. Dom Felipe, o abade do Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, e a abadessa Madre Martha Lúcia, em São Paulo, servem como guias, apresentando o funcionamento dos monastérios e explicando como é o cotidiano dos monges.

     A diretora conduz o documentário de forma tradicional, intercalando entrevistas com cada um dos participantes, que compartilham suas perspectivas sobre a vida monástica. Aos poucos, ela aprofunda o roteiro, explorando, na medida do possível, esse mundo ainda muito “secreto” para a maioria da população.

    Um dos aspectos mais marcantes é o depoimento de Gleiciane, que enfrenta a dúvida e a obediência como barreiras nesse universo onde ordem e submissão são fundamentais, já que no campo religioso não se permitem incertezas e questionamentos.

   


    Ângela Patrícia Reiniger consegue, em quase uma hora de filme, conduzir habilmente as entrevistas e equilibrar as narrativas de cada entrevistado sem atropelar as histórias individuais. Sua direção e o trabalho da equipe renderam uma seleção para a 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

    “Votos” é um documentário que, ao mesmo tempo em que desmistifica a vida monástica, reafirma muito do que as pessoas já sabem sobre a vida nos monastérios. O documentário estreia hoje (25) nos cinemas do país.