Hoje, chega aos cinemas "Alien: Romulus", mais um capítulo da icônica franquia Alien, que já conta com seis filmes e dois spin-offs. Dirigido e roteirizado por Fede Alvarez, o novo longa se situa cronologicamente entre o clássico original de 1979 e "Aliens, O Resgate", de 1986.
A trama segue um grupo de jovens colonizadores espaciais que, ao explorar uma estação espacial abandonada, se deparam com uma forma de vida aterrorizante. A partir desse ponto, a sobrevivência torna-se sua única missão.
O filme pode ser analisado sob duas perspectivas principais. No âmbito cinematográfico, "Alien: Romulus" apresenta uma trama intrigante, mas peca ao se apoiar excessivamente em elementos de outra obra do próprio Alvarez. Embora a inspiração seja comum em Hollywood—como exemplificado por "Sete Homens e um Destino", uma releitura de "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa, ou "Coringa" de Todd Phillips, que mistura "Rei da Comédia" com "Taxi Driver"—a situação aqui é diferente. Em "Alien: Romulus", o diretor parece se auto-referenciar, o que acaba prejudicando a originalidade do enredo.
Em "O Homem nas Trevas", Alvarez já explorava um grupo de jovens que, ao tentar roubar a casa de um cego, se vê em apuros. A mesma estrutura é reciclada em "Romulus", só que agora em um ambiente espacial. Aqueles que buscam uma história mais inovadora podem se sentir decepcionados com essa abordagem previsível. No entanto, o filme ainda oferece pontos positivos. A fotografia, por exemplo, é um dos elementos que contribui significativamente para o clima de terror, intensificando a tensão nos momentos em que os personagens se deparam com as ameaças alienígenas.
Aqui temos a segunda análise, sob a perspectiva social. Outro aspecto digno de menção é a crítica social sutil, mas bem elaborada. Usando a famosa Weyland-Yutani—empresa frequentemente retratada como a verdadeira vilã do universo Alien — Alvarez nos apresenta um planeta minerador, onde os protagonistas Rain e Andy estão presos, servindo aos interesses da corporação. Com o slogan "Construindo Mundos Melhores", a Weyland-Yutani aparece de forma discreta no filme original de 1979, mas ganha destaque na sequência dirigida por James Cameron. Em "Romulus", Rain e Andy, que parece ter trabalhado para a empresa desde a infância (Andy é um sintético, não envelhece), são exemplos de como práticas da Revolução Industrial persistem em pleno ano de 2142.
O desejo de Rain de escapar é frustrado quando a empresa nega seu pedido de término de contrato, aprisionando-a por mais cinco anos. Enquanto isso, um homem clama nas ruas que a Weyland-Yutani engana as pessoas, e um grupo de mineradores é visto carregando uma gaiola com um canário—um eco das antigas minas de carvão, onde esses pássaros eram usados como alarme contra gases tóxicos. A analogia é clara: mesmo em um futuro distante, o passado continua a assombrar.
Infelizmente, essa crítica social é deixada de lado à medida que o foco se volta para o terror, conforme a premissa do roteiro. "Alien: Romulus" cumpre seu papel dentro do universo da franquia, apresentando uma trama envolvente, embora se alongue desnecessariamente em seu desfecho, numa tentativa de emular o final do clássico de 1979, sem, contudo, alcançar a mesma maestria.
Nota: 7/10