O Último Pub | Crítica

"Que o número de nossos membros seja ilimitado"

Primeira diretriz da Sociedade Londrina de Correspondência


    Em O Último Pub (The Old Oak), o diretor Ken Loach e o roteirista Paul Laverty retomam sua parceria para contar mais uma história sobre os membros da classe trabalhadora do nordeste da Inglaterra. O longa estreia nos cinemas nacionais nesta quinta-feira (08), trazendo uma bela mensagem sobre solidariedade e resistência.

    No roteiro de Paul Laverty, o público é apresentado a um vilarejo no nordeste da Inglaterra, cuja economia era baseada na mineração. Com o fechamento das minas, o comércio e as escolas também começam a desaparecer, e a população local gradualmente abandona a região. Apenas os moradores que não conseguem se reestruturar em outras áreas do país permanecem. É nesse cenário de abandono e negligência que a região passa a receber refugiados sírios, realocados pelo governo justamente por ser uma área desvalorizada.

    Assim como em Eu, Daniel Blake e Você Não Estava Aqui, Loach e Laverty entregam um filme que convida a classe trabalhadora a refletir sobre o que foi perdido: o conhecimento de sua história, a união e, acima de tudo, a solidariedade. O longa também aborda questões como a xenofobia e como a classe trabalhadora é levada a cair nessa armadilha, elaborada pelo Estado.

    Para dar mais impacto à narrativa, Loach opta por um elenco misto, composto por atores profissionais e não profissionais. Essa escolha foi uma exigência do diretor para parte do elenco sírio. A única atriz síria profissional é Ebla Mari, que também é professora de teatro. Embora Mari não seja uma refugiada, ela consegue transpor toda a complexidade desse grupo, que muitas vezes chega a países estrangeiros sem dominar o idioma e, por isso, enfrenta inúmeros desafios.


    A escrita de Paul Laverty é precisa e bem estruturada. O roteirista consegue unir dois temas que, à primeira vista, parecem desconexos, mas que, na verdade, convergem: a questão dos refugiados e o proletariado. Independentemente de onde você esteja, de seu gênero ou etnia, o que todos têm em comum é o fato de pertencermos, em sua maioria, à classe trabalhadora. E, por isso, somos todos irmãos, já que fazemos parte da mesma classe.

    Loach e Laverty deixam claro o que a classe trabalhadora precisa recuperar: o trabalho em conjunto dos proletários. Para que isso ocorra, é necessário despertar a solidariedade entre os trabalhadores. Quando a comunidade se une, forma-se um grupo forte.

    O Último Pub é o filme que a classe trabalhadora precisa para se lembrar de tudo isso que foi mencionado nas linhas anteriores. Com uma trama relevante, que retrata o cotidiano de muitas pessoas, o longa busca, através do neorrealismo italiano, mostrar que histórias comuns também se transformam em bons filmes.


Nota: 09/10