Presença | Crítica

    Estreia hoje, 1º de agosto, nos cinemas do país, o documentário “Presença”, dirigido e roteirizado por Erly Vieira Jr. e com direção de fotografia de Ursula Dart. Este é o primeiro longa-metragem de Erly Vieira Jr., que foi selecionado para a Mostra Competitiva do Festival LGBTQIA+ no Rio de Janeiro e será o filme de abertura do Festival de Cinema de Vitória, na competição oficial.

    No longa, somos apresentados a três artistas afro-brasileiros com carreiras reconhecidas internacionalmente, que se transmutam a cada performance. Marcus Vinícius, Rubiane Maia e Castiel Vitorino Brasileiro refletem sobre os limites que impomos aos nossos próprios corpos.

    A direção de Erly Vieira Jr. é pontual no desenvolvimento do documentário, manejando bem o tempo de câmera com cada um dos artistas. Este é um aspecto fundamental para o sucesso de um documentário, mas que poucos diretores conseguem realizar de forma coerente.

    O que chama atenção no longa é a direção de fotografia, que se integra perfeitamente aos vários momentos do filme. Ursula Dart, junto com Erly Vieira Jr., transforma os próprios artistas em arte, eternizando diversos momentos em enquadramentos dignos de pinturas artísticas. Logo no início, somos apresentados a Marcus Vinícius, que está em Isla Victoria, na Argentina, observado através de uma ripa de madeira com um buraco no meio para as montanhas. Aqui, temos o encontro de duas artes, onde os artistas utilizam seus corpos para criar suas obras, servindo como instrumentos para a arte fílmica, tornando o documentário uma espécie de “matrioshka”.


No entanto, o longa dirigido por Erly Vieira Jr. encontra obstáculos. Por mais que as obras fílmicas sejam potentes, o filme provavelmente não alcançará um grande público, sendo infelizmente consumido por sua própria bolha. Alguns tipos de  arte, estão muito distante do público em geral, que prefere consumir a arte comercial, deixando passar obras maravilhosas como “Presença” e tantas outras.

    A arte tem por objetivo nos tirar da zona de conforto e nos levar à reflexão e ao estranhamento. As obras de Marcus Vinícius, Rubiane Maia, Castiel Vitorino Brasileiro e Erly Vieira Jr. são exemplos que nos fazem refletir e observar as várias faces do que é belo.


Nota: 7/10