Kill: O Massacre no Trem | Crítica

 O texto contém spoilers da trama.

    A Índia ainda permanece, em grande parte, desconhecida para o público ocidental. Apesar de abrigar a maior indústria cinematográfica do mundo, suas produções continuam à margem do conhecimento da maioria. O pouco que se conhece é baseado em estereótipos, como os filmes recheados de números musicais no meio da trama ou os trechos de filmes "trash" que circulam no YouTube.

    No entanto, essa percepção tende a mudar após o lançamento de "Kill: O Massacre no Trem", que estreou em 5 de setembro. O filme é uma ótima escolha para o fim de semana, especialmente para os fãs de ação. Com direção e roteiro de Nikhil Nagesh Bhat, a trama acompanha uma viagem de trem em Nova Délhi, capital da Índia, que se transforma em um verdadeiro campo de batalha quando dois soldados enfrentam uma gangue de criminosos. O elenco principal conta com Lakshya, Raghav Juyal e Tanya Maniktala, que se destacam em cenas de ação intensas e brutais.

    Divulgado como "o filme mais violento e explícito já produzido", "Kill: O Massacre no Trem" pode não ser o mais chocante de todos os tempos, mas é, sem dúvida, um dos mais viscerais e violentos de 2024. Nikhil Nagesh Bhat entrega uma obra de ação sangrenta em 1h40 minutos, sem economizar no banho de sangue. O diretor subverte as expectativas ao oferecer algo diferente do que foi inicialmente vendido, e isso se torna ainda mais evidente com o título nacional. "Kill: O Massacre no Trem" pode sugerir que o trem será alvo de um massacre, mas, à medida que a trama se desenrola, fica claro que o verdadeiro causador da matança é o protagonista. Esse ponto de virada, apresentado de maneira eficaz no meio do filme, transforma o enredo, e a violência extrema que se segue, com muito sangue e mortes, justifica o subtítulo nacional.

    "Kill" provavelmente tem muito mais a oferecer, mas o distanciamento cultural e a falta de familiaridade que temos com os conflitos sociais indianos podem dificultar a compreensão completa de algumas mensagens que o filme tenta passar. Apesar de ser uma história sobre criminosos que invadem um trem para roubar seus passageiros, há momentos em que, após a morte de membros da gangue, o luto é respeitado por todos. Não se trata apenas de sentir a perda de um companheiro, mas de um respeito profundo pela vida que foi tirada. Além disso, há referências culturais sutis, como uma menção a divisões sociais, que reforçam os traços únicos da cultura indiana e que podem passar despercebidos por quem não está familiarizado com esse contexto.

    Assistir "Kill: O Massacre no Trem" é, sem dúvida, uma excelente escolha para o fim de semana. E o que torna a experiência ainda mais interessante é saber que, em breve, o público poderá assistir ao remake ocidental da obra, dirigido por Chad Stahelski (de John Wick), que promete adaptar a trama para o público ocidental, com produção da Lionsgate.

Nota:7