A nostalgia é uma ferramenta poderosa dentro da cultura pop, mas nem sempre eficaz. Ela funciona melhor quando o produto em questão desperta um apelo genuíno na memória popular. Entretanto, mesmo que esse apelo seja forte, há grandes chances de o resultado final ser insatisfatório. A situação se complica ainda mais quando a nostalgia não possui força suficiente, como no caso de Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice.
O longa, que estreia em 5 de setembro nos cinemas, traz boa parte do elenco original e conta novamente com a direção de Tim Burton. Na trama, Beetlejuice está de volta. Após uma tragédia familiar inesperada, três gerações da família Deetz retornam à casa em Winter River. Ainda assombrada por Beetlejuice, a vida de Lydia vira de cabeça para baixo quando sua filha adolescente, Astrid, descobre uma misteriosa maquete no sótão, abrindo acidentalmente o portal para o além. Com problemas tanto no mundo dos vivos quanto no dos mortos, é apenas uma questão de tempo até que alguém pronuncie o nome de Beetlejuice três vezes, trazendo o espírito travesso de volta para instaurar seu caos.
O novo filme de Tim Burton enfrenta uma série de dificuldades. A primeira delas é ser uma continuação tardia e desnecessária. Assim como em Indiana Jones e o Chamado do Destino, a nova aventura de Beetlejuice não desperta apelo na geração atual. Para atrair o público, seria necessário criar uma base de expectativa, mas isso não aconteceu. Beetlejuice, embora icônico em seu tempo, não é um personagem amplamente lembrado, especialmente entre os mais jovens. Confiar apenas na nostalgia para levar as pessoas ao cinema é um erro estratégico.
Outro ponto problemático está na sinopse e no trailer. Ambos vendem um filme diferente do que é apresentado na tela. Esse tipo de marketing enganoso, visto também em filmes como O Homem do Norte, pode prejudicar a recepção do público. A trama se concentra na morte do personagem Charles Deetz (Jeffrey Jones), mas enquanto a sinopse e o trailer sugerem que Astrid (Jenna Ortega) é a responsável pelo retorno de Beetlejuice, o filme mostra que é Lydia quem invoca o fantasma para salvar sua filha, que foi parar no mundo dos mortos ainda viva. Essa discrepância pode frustrar o público, que espera uma coisa e recebe outra completamente diferente.
Além disso, o filme sofre com excesso de personagens e tramas. Com sete personagens principais e três histórias paralelas a serem desenvolvidas, o roteiro tenta abarcar muito em apenas 1h40min. O resultado são resoluções apressadas e pontos da trama que se tornam irrelevantes, enfraquecendo o impacto narrativo.
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice é uma continuação que ninguém pediu e que perdeu seu fôlego com o passar do tempo, já que o personagem não mantém mais o mesmo apelo dentro da cultura pop.
Nota: 5,5