Super/Man: A História de Christopher Reeve | Crítica

    

 Muito se fala sobre o fato de Hugh Jackman ser o único ator a interpretar o icônico Wolverine nos filmes da franquia X-Men. De fato, é um feito extraordinário. No entanto, mesmo com vários atores assumindo o papel de Superman ao longo dos anos, para a grande maioria dos fãs do Homem de Aço, apenas Christopher Reeve será eternamente lembrado como o último filho de Krypton.

    Essa ideia se confirma com o lançamento do emocionante documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve, que chegou aos cinemas do país na quinta-feira, 17. A trajetória de Reeve é marcada por uma ascensão surpreendente, de ator desconhecido a astro de cinema, com sua interpretação insuperável de Clark Kent/Superman estabelecendo um padrão para os universos cinematográficos de super-heróis que dominam as telas até hoje.

    Reeve interpretou Superman em quatro filmes e atuou em diversos outros papéis que reafirmaram seu talento e versatilidade como ator. Em 1995, sofreu um acidente de equitação quase fatal, que o deixou paralisado do pescoço para baixo. Após o acidente, ele se tornou um líder carismático e ativista incansável na busca por uma cura para lesões na medula espinhal, além de defensor dos direitos e cuidados das pessoas com deficiência. Mesmo diante da adversidade, Reeve continuou sua carreira no cinema, tanto na frente quanto atrás das câmeras, enquanto se dedicava à sua amada família.

    Narrado por áudios do próprio Reeve, o documentário também conta com depoimentos de seus três filhos – Matthew, Alexandra e William Reeve – e de amigos próximos, como as atrizes Glenn Close, Whoopi Goldberg e Susan Sarandon. O destaque vai para o ator Robin Williams, seu melhor amigo, que esteve ao seu lado em bons e maus momentos. Embora não seja aprofundada, a amizade entre eles é comovente e inspira o público.

    A direção de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui é excelente, com uma montagem sensível que intercala cenas dos filmes com momentos reais da vida de Reeve. No entanto, o documentário foca menos no Superman e mais no homem que lutou incansavelmente após o trágico acidente que o deixou tetraplégico. Uma das alegorias mais poderosas do filme é a de uma estátua cercada por uma constelação, representando a "kryptonita" que o acidente se tornou para Reeve, enfraquecendo seu corpo. Essa metáfora funciona com uma beleza rara, simbolizando sua luta contra a morte e a paralisia.

    Nada disso seria possível sem o apoio de sua esposa, Dana Reeve, sua verdadeira "Lois Lane" na vida real. Dana foi mais do que uma supermulher; foi uma verdadeira heroína. Cuidou do marido, do filho e de si mesma com uma força admirável, sendo o pilar da família e garantindo que Christopher recebesse os cuidados necessários.

    O documentário destaca um ponto que muitos esquecem: Superman é um personagem, mas as pessoas esperavam que Reeve fosse tão perfeito quanto o herói que interpretava. A narrativa também aborda questões atuais, como as continuações de sucesso que os estúdios exigem e o fato de muitos atores ficarem marcados por papéis icônicos. Reeve, de certa forma, abriu o caminho para que muitos atores de hoje possam interpretar heróis no cinema.

    Super/Man: A História de Christopher Reeve é um documentário belíssimo e emocionante, especialmente quando assistido na tela grande. Entretanto, pode não atrair o público em geral, o que não é um problema, já que será possível vê-lo nas plataformas de streaming em breve.

Nota: 7,5