Brazyl, Uma Ópera Tragicrônica | Crítica

    O ditado é claro: “O óbvio também precisa ser dito”. No entanto, quando o óbvio é explícito, chega a beirar o ridículo, especialmente quando é proclamado para um grupo que já simpatiza com o discurso. Esse é o caso do longa Brazyl, uma Ópera Tragicrônica, dirigido e roteirizado por José Walter Lima, que estreia hoje, 14 de novembro, nos cinemas.

    Brazyl, uma Ópera Tragicrônica mescla linguagem teatral e cinematográfica em uma sátira política que reflete parte da realidade social e política do país. O filme revisita e pontua episódios importantes desde a década de 1930 até os dias atuais, abordando a interrupção da democracia em 1964 e o processo de redemocratização. Brazyl é uma narrativa ficcional inspirada em fatos reais, um manifesto épico e delirante sobre o Brasil contemporâneo, que representa o espírito de uma época e suas raízes históricas. A obra apresenta uma leitura fragmentada da antropofagia de Oswald de Andrade, compondo um discurso apaixonado sobre uma nação explorada pela classe dominante e pelo capital internacional.

    O longa desenvolve-se sobre uma estética teatral com várias esquetes, que lembram uma espécie de Zorra Total de esquerda. Com críticas diretas a instituições como o judiciário e a polícia, e especialmente ao bolsonarismo, o diretor José Walter Lima apresenta uma caricatura do conservadorismo e da direita elitista. No entanto, acaba caindo na armadilha de reforçar o estereótipo que muitos atribuem à esquerda progressista.

    Brazyl, uma Ópera Tragicrônica falha em sua tentativa de ser uma crítica ao conservadorismo, elitismo e direitismo, pois acaba representando o próprio estereótipo que busca questionar.

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